14.5.11

Merreca, meleca, sapeca e gigante


Em uma pequena casa aos fundos de uma clínica veterinária do bairro Atiradores está o lar da palhacinha Merreca Meleca Sapeca. Assim mesmo, com nome e sobrenome, ela é uma criação de Tatiane Guesser, uma multiartista de 27 anos que consegue dominar variadas técnicas circenses que vão do malabarismo ao tecido acrobático, passando pelo equilíbrio em pernas de pau. Mas, apesar desse conhecimento, está na dança a iniciação de Tatiane nas artes. Isso por causa de uma recomendação médica. Ainda aos quatro anos, ela ingressou nas aulas de balé para correção de postura. Na época, a mãe de Tatiane poderia optar por natação, musculação ou balé. “Talvez porque achasse mais bonito, ela me mandou para o balé” explica Tatiane, rindo. Há dez anos, quando estava matriculada na Escola Municipal de Ballet, sob as instruções de Marcos Sage, o grupo do qual ela fazia parte começou a ocupar os prédios da antiga cervejaria Antarctica para o ensaio de seis coreografias. “Aquela era uma época muito gostosa. E nós iniciamos a Cidadela”, recorda e afirma com orgulho. Hoje, ela vive com o marido, Luciano Himmer, porto-alegrense de 34 anos, e o filho Iago, de um ano e oito meses. Iago é o único filho do casal. Segundo Luciano, o garoto também está se iniciando no mundo da música. “Ele já batuca tudo o que encontra por aí”, conta, rindo. Tatiane e Luciano se conheceram durante os ensaios do espetáculo “Veja Você Mesmo”, do grupo Circus Musicalis. Luciano sempre teve a preocupação de difundir a arte circense, embora nunca tenha trabalhado em um circo de fato. Ele já andou por vários lugares do Brasil vivendo o palhaço Pirulito Pirlimpimpim e fixou-se em Joinville depois de conhecer Tatiane. Em contrapartida, Tatiane aproximou-se do mundo do circo. No ano passado, o casal participou da 12ª Convenção Brasileira de Malabarismo e Circo, em São Leopoldo (RS). “É importante que a gente saiba o que outros grupos estão aprontando, e também essa troca de informações é fundamental para o crescimento dos grupos.” Hoje, o casal tem o próprio grupo, a Companhia Circo Teatro Lúdico, do qual também participa Fabi Santos, com a palhaça Tadinha. Mas não é só do sonho da arte que Tatiane vive. Além dos malabares, das pernas de pau e de ser dona de casa, ela também é técnica de enfermagem. Quando ela terminou o segundo grau, ainda não sabia bem que profissão poderia seguir, embora a família já desse algumas pistas. “Já existiam enfermeiros na família, e cuidar dos outros era como uma tradição”, conta. Ela dividia-se entre a veterinária e a arte. No meio do caminho, optou pelo técnico em enfermagem, que acabou se mostrando uma decisão acertada. Algum tempo depois, passou em um concurso público e hoje trabalha no Hospital Municipal São José. “De repente, eu me vi entre essas duas vidas, conciliando a realidade dura da vida no hospital e a fantasia que dá alento a tantas pessoas”, considera. “A arte acaba se tornando um meio de se aproximar de quem está sofrendo.”
Fonte: Caras de Joinville - A Notícia
 
 
Tatiane dançando " Entre a Vóz e o Corpo" ao lado do bailarino Deivison Garcia 

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