30.4.11

Memórias - Noite Cultural


Fúria da Ruas do competente Nilberto Lima de Souza "Nil"
Em 2011 a palavra Memórias estará em voga em alguns setores pelo que tenho visto (memórias é algo que muitos fazem questão de esquecer ou se as tem é somente á partir do momento de suas vidas em que estão ou estavam presentes na hora dos fatos e das fotos) então resolvi lembrar quando e como surgiu a idéia da realização da noite cultural realizada pela Casa da Cultura, que esse ano esteve em sua 7ª edição. A Noite Cultural surgiu em 2004 numa conversa entre o Coordenador de Ballet (2004)  Pedro Morales, Beatriz Kohn (Diretora da Casa da Cultura (2004) e alguns professores. No início a  idéia era que a mostra tivesse o nome de Mostra de Dança "Dançar é ..." mas ficou Noite Cultural-Mostra de Dança. A idéia  era reunir grupos de Joinville e de outras cidades para uma grande confraternização de bailarinos, professores e grupos de dança em nossa cidade sem caráter competitivo, dando oportunidade também a aqueles grupos e bailarinos com bons trabalhos, mas não selecionados para o Festival de Joinville.   E assim foi ....     

Vida que segue ... Vida que dança ...

A Cia Masculina do Mestre Jair Moraes sempre participou da Mostra como Convidado 



Grupos convidados de outras cidades:

Escola da Dança do Centro Cultural Scar - Jaraguá do Sul/SC
Grupo de Dança do Cefid - Florianópolis/SC
Grupo de Dança Adriana Alcântara - Balneário Camboriú/SC
Estúdio de Dança Wald Oliveira - Jaraguá do Sul/SC
Grupo de Dança da Univali - Itajaí/SC
Sollo Cia  de Dança - Jaraguá do Sul/SC
Ballet Jonas Moraes - Cascavel/PR
Cia Masculina Jair Moraes/PR

Grupos de Joinville:

Academia Corpo Livre
Grupo Segue - Dança Inclusiva
Fúria das Ruas
Grupo Andança
Grupo de Dança Badurasab
Escola do Teatro Bolshoi
Cia Fernando Lima
Grupos do Projeto "Dançando na Escola"
Entre Cia de Dança
Grupo de Dança da Univille
Grupo de Dança e Teatro Lucas David
Cia Joinvilense de Dança de  Rua
Infantil do Elias Moreira
Santos Anjos Grupo de Dança



A Escola de Ballet também marcava presença com trabalhos infantis e com os Grupos Juvenil e Experimental


29.4.11

Comemorar?


Apesar das comemorações em todo o planeta ao dia internacional da dança e ter absoluta certeza de que a dança é muito importante para o desenvolvimento de qualquer cidadão, vejo que deveríamos também discutir todas as ações e caminhos que a dança tomou e estará trilhando em nossa cidade. Como vivem ou sobrevivem nossos bailarinos, professores e alunos .... quantos locais adequados existem em condições da realização de espetáculos para os trabalhos desenvolvidos ... quantas Companhias estáveis possuímos em nossa cidade .... e quantas dessas Companhias possuem espaços próprios para desenvolverem as suas aulas e coreografias  ... quanto que o bailarino, professor e coreógrafo é incentivado financeiramente pelos seus serviços a dança e a cultura .... e para terminar até quando vou me conformar em dançar em praças, terminais, bancos, palcos abertos, quadras, caminhão, etc... de vez em quando ouço por aí " dança é feita para se dançar em todo o lugar" palavras sábias de quem nunca entrou em uma sala de dança, de quem nunca foi bailarino. A mesma coisa acontece no esporte, futebol por exemplo: quem não ouviu esses comentaristas falarem quando um jogador perde um gol: " ele deveria  ter  feito isso ou aquilo" simples para quem nunca chutou uma bola, não é mesmo? voltando a dança, pergunte a qualquer bailarino aonde ele prefere mostrar a sua arte, na Praça da Sé ou no Teatro Municipal, em cima de um caminhão balança mas não caí ou no palco de um Teatro....  Para que servem os Teatros? Teatros e com bom público é o que sempre desejei, e eles existem (não em  nossa cidade) mais existem sim em todo o Brasil e nós os conhecemos. Temos que levar o público ao Teatro, seja ele de qualquer classe social.  Desde que a dança entrou na minha vida sempre sonhei com algumas coisas aqui em nossa cidade: Teatros, Companhia da Cidade, Escolas Municipais de Ballet com a mesma identidade e estrutura a da Escola Bolshoi entre outras e outras .... Como não vou (pelo menos nessa vida) assistir a tudo isso,  parabenizo á todos aqueles amantes da dança que lutam e sobrevivem  apenas com a suas almas alimentadas pela arte do dançar e com o estômago repleto de miojo e banana saboreados no intervalo dos ensaios, aqueles que não tem passagem de ônibus e dão um jeitinho, aqueles que mesmo machucados doam seus corpos para a sua arte, aqueles que esquecem que família existe e que elas não duram para sempre mas continuam vivendo em outra família " a da dança", aqueles que mesmo aos olhos de todos, é solista, mas vive dançando nas últimas filas do balé, a aqueles que tem competência, mas não se estabelecem por que não levaram uma maçã, ou não puxaram o saco de alguém influente, enfim, a todos aqueles que possuem a dança na veia, na alma e na ponta dos pés....

28.4.11

Jean-Georges Noverre - 29 de abril - 1727-1810

 

Bailarino, professor e coreógrafo francês, foi uma personalidade que mudou os rumos da dança. Começou a dançar aos 14 anos como aluno de Louis Dupré, na Academia Francesa de Música e Dança que depois se tornaria a gloriosa Ópera de Paris. Se tornou amigo de Marie Sallé, uma de suas companheiras em idéias revolucionárias e por sua indicação dançou na corte de Fontainebleau. A maturidade de sua carreira começou quando passou alguns anos em Berlim, estudando, trabalhando e convivendo com grandes bailarinos. Quando volta a Paris, assume a direção da Ópera-Comique e começa a criar inúmeros espetáculos de dança, que aos poucos o deixam conhecido internacionalmente. "Noverre ultrapassa os princípios gerais que norteavam a dança do seu tempo para enfrentar problemas relativos à execução da obra. A sua proposta era atribuir expressividade a dança através da pantomima, utilizando mãos braços e feições para, segundo ele, sensibilizar e emocionar. Sugere a simplificação na execução dos passos e sutileza nos movimentos para uma ideal expressividade na interpretação da dança. Para Noverre, a dança em ação é a forma de interpretar as idéias escritas na música com verdade ao executar os gestos na dança.
Noverre sentia-se orgulhoso de ter simplificado as alegorias na vestimenta e exigir ação, movimentações na cena e expressão à dança. A grande reforma que distingue o séc. XVIII do XVII e o aproxima do XIX é a criação do termo dado por Noverre no século XVII que se conservou sem mudanças até o século XIX."
Fonte: Dança Educativa Moderna, de Rudolph Laban
"(...)Noverre era conhecido por alguns como Sheakespeare da dança. Embora tivesse criado cerca de 150 ballets em Paris, Viena e Stuttgart, sua influência foi mais como reformador. O objetivo de Noverre era libertar o corpo expressivo do bailarino de posições estereotipadas, libertar o corpo de máscaras pesadas e arquivar as armaduras incômodas de danças de batalhas e outras vestimentas que escondiam o corpo. Nos tempos do rococó que ocultava belas formas com enfeites extravagantes, o livro Lettres sur la Danse at sur les Ballets (1760-1807) de Noverre, abriu uma era nova. Suas teorias de Ballet d'action e de movimento expressivo se difundiram pela Europa até São Petesburgo e ainda servem ao Ballet Moderno."

"Noverre, que Voltaire considerava 'um Prometeu', era originário da província, portanto, não era um parisiense legítimo, mas falava numa voz que atingia os bailarinos de toda a Europa: "Filhos de Terpsícore, renunciem as cabriolas, os entrechats e passos excessivamente complicados, abandonem caretas e estudem sentimentos; abandonem graça e expressões sem arte; aprendam a dar nobreza aos gestos, não esqueçam que isso é o sangue da dança; ponham critérios e significados em seus Pas de Deux; deixem que a força de vontade indique o caminho e que o bom gosto esteja presente em todas as situações; fora com essas máscaras sem vida, que são cópias pobres da natureza. Quando Noverre se refugiou em Londres por causa da Revolução Francesa, ele também voltou às convenções caducas do Ballet Profissional, contradizendo suas mensagens contra regras engessadas. Agora ele decretava que os pés dos dançarinos não deviam se afastar mais de quarenta centímetros, que nunca devia haver mais de trinta e dois dançarinos em um palco, e que nenhuma música já composta devia ser usada por um coreógrafo. Mas as idéias anteriores de Noverre, não podiam simplesmente voltar para a garrafa. Ele já tinha soltado a dança e possibilitado o Ballet Romântico baseado em leveza e graça. Foi esse o Ballet que dominou os palcos das capitais européias no século XIX."


Fonte: Os Criadores: Uma História da Criatividade Humana.

 Noverre, Jean Georges, 1727-1810
Dança|Ballet


A leitura crítica dos textos de Noverre é de importância fundamental para o desenvolvimento de qualquer reflexão criteriosa sobre os espetáculos de dança da modernidade. A partir deste pressuposto Mariana Monteiro conduz sua análise no livro 'Noverre - Cartas sobre a dança - Natureza e artifício no Balé de Ação' . A autora contextualiza a atuação do bailarino e seu discurso teórico no universo artístico e intelectual dos meados do século XVIII, no qual as reflexões estéticas eram mobilizadas pelo mesmo impulso renovador que atingia todos os campos do saber.

NOVERRE - CARTAS SOBRE A DANÇA
Marianna Monteiro
São Paulo: EDUSP; FAPESP, 2006
392 p.



27.4.11


29 Abril - Dia Internacional da Dança


O dia Internacional da Dança foi criado em 1982 pela  UNESCO(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A data 29 de Abril comemora o aniversário de Jean-George Noverre (nascido em 1727), formulador das bases cênicas da dança no século dezoito e autor das "Cartas sobre a Dança e os Ballets", livro fundamental até hoje para estudar a teoria e a prática da Dança.




"Entre os objetivos do Dia da Dança estão o aumento da atenção pela importância da dança entre o público geral, assim como incentivar governos de todo o mundo para fornecerem um local próprio para dança em todos sistemas de educação, do ensino infantil ao superior"

Em Joinville a data será lembrada por meio de apresentações das Companhias de Dança ao longo do dia em praças, Escolas e Teatros. Prestigie e participe !

17.4.11

Ser Bailarina ....





Ser bailarina é muito mais do que giros, saltos, abrir um grand ecart a 180 graus, ou mesmo ser flexível, é  muito mais do que ter eixo e ser magra. Ser bailarina é muito mais do que andar de coque e roupa de ballet, é muito maior que festivais e espetáculos de final de ano ou dançar nas primeiras filas ou mesmo um solo, duo, trio, quatre ... Ser bailarina é ter disposição todos os dias para fazer aula de balé e melhorar aquilo que se  pode ter julgado como um bom desempenho no dia anterior. Ser bailarina é dedicar-se, é estudar o balé, sua história, seus personagens, seus passos e movimentos ... é respirar ballet. Não se aprende balé somente lendo livros ou pelo YouTube, twitter ou por osmose. Balé se aprende em sala de aula, perguntando, instigando seu mestre, tirando tudo o que ele tem para lhe passar com suas experiências e conhecimentos, afinal,  não é  esse o papel do Mestre, o de ensinar ? e o do aluno, aprender, fazer aulas e dedicar-se ao máximo todos os dias ? se isso não acontece, pergunto então, o que esses corpos (mestre e aluno ) fazem dentro de uma sala de balé ? O Ballet Clássico é uma arte e é  necessário muito mais que fazer plies e piruetas, essa arte requer mais que um treino físico, requer emoção, paixão, amor. Ser bailarina é buscar a perfeição, mesmo sabendo, que jamais a encontrará, é dedicação, uma busca constante. O ballet não é para fracos (no sentido emocional) é um desafio diário em transformar seu corpo e possibilitar que ele realize movimentos dificílimos que inclusive desafiam a gravidade… e o mais difícil de tudo, ele precisa encantar, pois cada passo, cada compasso corresponde uma interpretação, um sentimento, um desempenho artístico. Ele te desafia, te cansa, te exaure não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Parece que ele quer sugar toda a sua essência para que quando você dance essa essência exploda em movimentos, em respiração, em leveza, em graça, em arte. Ser bailarina é querer aprender sempre, porque um bailarino vai passar a vida toda aprendendo independente da idade e do tempo que tem de função nesta área. O bailarino tem que dar o seu melhor todo dia, tem que ter humildade de errar e perguntar ao seu mestre como corrigir esse erro, pois ele vai errar sempre, vai cometer sempre os mesmos vícios, aqueles vícios que o corpo adquire ao longo da carreira. Então, respire, estude, dedique-se, procure mudar suas posturas, aceite o desafio de ser bailarina, torne isso possível, faça ballet clássico e seja bailarina.... dedique-se, seja humilde, estude, crie desafios e supere-os, busque o melhor caminho, a melhor escola, os melhores mestres. Não seja uma bailarina de caixinha de música, lembre-se ... dançar é sim muito importante, mas não  é preciso subir num palco e dançar variações e variações, balés e mais balés atrás de prêmios e festivais para ser uma bailarina de verdade. Dançar é a busca pelo desconhecido, pela perfeição (mesmo sabendo que jamais a alcançará) é estudo, insistência, aula, repetição e muita sabedoria.

Não esqueça, o maior palco que temos que enfrentar é o da  nossa própria jornada, do  nosso caráter, da nossa vida ....

Texto de K. Ribeiro/M. Sage




13.4.11

Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro



“Giselle” abre temporada de balé do Theatro Municipal




O espetáculo de balé, Giselle, abre a temporada de 2011 de balés do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a partir desta sexta-feira, em um total de oito apresentações. Encenada por algumas das maiores companhias internacionais, a versão assinada há 50 anos pelo coreógrafo inglês Peter Wright integra o repertório do Ballet do Theatro Municipal desde 1982.
No papel-título, revezam-se as bailarinas Claudia Mota e Márcia Jaqueline. Filipe Moreira e o inglês Robert Tewsley, artista convidado, se alternam no papel de Albrecht. À frente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal estará o maestro Silvio Viegas. O ballet conta com direção e mis-en-scène de Desmond Kelly. A direção artística do BTM é de Hélio Bejani.
Criado em 1841, Giselle foi a segunda obra dentro do estilo romântico, precedida por La Sylphide, de 1832. Trata-se de uma tragédia envolta numa atmosfera misteriosa e sobrenatural, que está na origem do movimento Romântico. É uma obra que vem encantando o público há mais de um século e meio, e constitui-se em um ponto de referência na história da dança.
Giselle nasceu a oito mãos: do escritor Theóphile Gautier, do libretista Vernoy de Saint-Georges e da vivência dos coreógrafos Jean Coralli e Jules Perrot. A obra reflete uma nova estética e um novo conceito cênico: o drama-ballet, em que elementos do teatro se harmonizam com a dança.
O resultado é um ballet suave e ousado, em acentuados contrastes, que contrapõem o primeiro ao segundo ato. De um lado, o realismo do cotidiano. Do outro, seres incorpóreos e imateriais. A música foi composta por Adolphe Adam em apenas três semanas. Em 1961, em Stuttgart, o coreógrafo inglês Peter Wright criou sua versão de Giselle, que se tornaria uma das mais encenadas da atualidade, integrando o repertório das maiores companhias clássicas do mundo como o Royal Ballet, Royal Birmingham Ballet, Ballet de L´Opera de Paris, American Ballet Theater e o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, entre outros.
SERVIÇO
Ficha técnica:
Ballet Giselle
Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Música: Adolphe Adam
Libreto: Théophile Gautier e Vernoy de Saint-Georges
Coreografia: Sir Peter Wright (segundo Perrot e Coralli)
Regente Titular da Orquestra do Theatro Municipal: Silvio Viegas
Bailarinos principais: Claudia Mota, Márcia Jaqueline, Filipe Moreira e Robert Tewsley (artista convidado)
Direção e mis-en-scène: Desmond Kelly
Cenários e figurinos: Peter Farmer
Diretor Artístico do Ballet do Theatro Municipal: Hélio Bejani
Fonte: Correio do Brasil

12.4.11

Bailarinos homens ainda sofrem com discriminação








A culpa, nesse caso, é muitas vezes dos pais. A escassez de homens em escolas de balé clássico no país, em pleno século 21, ainda tem raízes no preconceito em relação a uma atividade considerada “coisa do sexo feminino”. Enquanto em outros países, as escolas mantém turmas só de rapazes, no Brasil, pode-se contar nos dedos de uma mão, – e olhe lá! –  o número de garotos em uma sala de aula. “Aí, logicamente, a atenção não será para ele, e o aluno se desestimula e desiste”, diz Jair Moraes, professor do Balé Teatro Guaíra e criador da independente Companhia de Dança Masculina Jair Moraes. Com mais de 300 alunos, a Escola de Dança Teatro Guaíra (EDTG) tem apenas um ou dois meninos em cada turma. “Temos mais rapazes, pois as crianças não têm muito apoio dos pais para trazê-los. Quando chegam a uma certa idade, conseguem vir por conta própria. É uma questão cultural do Brasil. Em outros países, dançar é natural para os homens. Então, isso gera até mesmo uma diferença de mercado: os rapazes são sempre mais disputados nas companhias brasileiras”, explica Sylvia Andrzejewski Massuchin, coordenadora da EDTG.  Na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, no entanto, essa configuração parece mudar. De um total de 282 alunos, 103 são garotos.
Nas academias de dança, a presença masculina ainda é problemática nas aulas de dança clássica. No Studio D1, de vez em quando surgem alguns meninos interessados em dançar balé. “Os meninos não se criam. Eles começam, mas freqüentemente são obrigados a abandonar o curso por pressão do pai machista”, conta a proprietária da academia, Dora de Paula Soares. Muitos alunos, seja de academias ou de escolas de dança, são jovens homossexuais que enxergam na dança a oportunidade de se libertar da repressão familiar. “É uma visão errada porque a dança não tem nada a ver com isso. Aí, tenho que explicar que eles podem ter a vida que quiserem, mas, em cena, quero que tenham uma postura masculina”, diz Moraes.
Ele é uma espécie de “paizão” dos quase 30 homens que participam de sua companhia, criada há oito anos para revelar talentos que, sem oportunidade, nunca despontariam. São homens de 16 a 29 anos, das mais diversas constituições físicas, que todas as noites trocam a roupa do trabalho pela malha de dança. Muitos só puderam realizar o sonho de dançar quando se libertaram do jugo do pai repressor. São histórias que se assemelham à do próprio Jair Mores. Filho único de uma família carioca de baixa renda, de homens militares, esperava-se que ele seguisse pelo mesmo caminho. “Aos 10 anos, descobri que dançar era o que eu queria, mas meu pai nunca iria deixar. Então, fui fazer teatro”, conta. Só quando o pai morreu, Moraes pôde dançar a sério. Por isso, ele compreende bem as dificuldades dos rapazes que batem à sua porta à procura de uma oportunidade de mostrar seus talentos. 
Por começarem a dançar mais tarde do que a média das meninas, os meninos precisam receber um treinamento acelerado. “Trabalho com corpos bem diferentes e tenho que burilá-los, pô-los em cena para dançar. Eles dançam em espetáculos, têm um aproveitamento em cena melhor do que em sala de aula, porque em sala estou acelerando seu aprendizado na base da ‘paulada’. A mulher vem mais dotada, começa bem mais cedo com  iniciativa das família.
Nem só de técnica são feitos os encontros com Jair Moraes. O “paizão” conhece bem a realidade dura de seus alunos e, por isso, conversa muito sobre sexo, drogas e relações familiares.

“Não vou formar o primeiro bailarino de uma companhia. Quero, acima de tudo, criar cidadãos, ensinar o caminho da dança para que a pessoa possa sobreviver com isso, dar aula, criar coreografias. Mas é complicado, porque a família espera que os filhos ganhem muito dinheiro, e culturalmente nosso país é pobre. Se o artista não está na TV Globo, não é visto e não tem bom salário"

10.4.11

APLAUSOS


Faltam poucos dias para uma Grande Gala de Dança em Joinville

Bailarinos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet Teatro Guaíra e Cia Jovem Palácio das Artes estarão em breve em nossa cidade apresentando uma Gala através do "Projeto Aplausos"  idealizado pelo competente Darling Quadros. Em breve maiores informações.

9.4.11

Famosa fábrica de sapatilhas reconquista o prestígio depois de quase falir

A Repetto era a marca de sapatilhas preferida de ícones do balé como Nureyev e Barishnikov. Atualmente a empresa investe na fabricação de outros modelos de calçado, que atende diferentes tipos de clientes. Saiba como a empresa fez para se reerguer.




 
Globo News - Mundo S/A

7.4.11

Sangue, suor e lágrimas



A Professora de Balé de 76 anos Dora de P. Soares  que dá aulas diárias a uma turma de mais de 60 alunas de todas as idades, usa o exemplo para explicar por que a dança clássica já não parece tão atrativa para as garotas quanto no passado. “A não ser que ela tenha uma vocação irresistível”, diz. Como teve Patrick Lorenzetti, de 16 anos, filho de um funcionário da escola. Ele começou a dançar ali, primeiro hip-hop, depois balé clássico, até ser convidado para fazer parte do elenco do Balé Teatro Guaíra. “Hoje ele tem contrato e ganha um salário, mas isso não é tão sedutor para uma menina de classe média alta”, analisa Dora.
Nas academias, não há escassez de meninas matriculadas. Pelo contrário. Mas quantas se tornam bailarinas de fato? Muito poucas. E isso não acontece porque a sociedade atual parece dar mais valor aos 15 minutos de fama de um Big Brother do que ao prestígio conquistado com sangue, suor e lágrimas por um bailarino.
Dançar exige não somente sacrifício, mas todo o tipo de aptidões, do imprescindível talento às formas físicas adequadas. Dora conta que, a cada mil garotas que passam pelo Studio D1, uma se destaca. “Tenho uma aluna de 12 anos com todas as qualidades para se tornar uma bailarina. E ela ainda conta com o apoio dos pais, o que é raro”, conta. Além do talento, condição primeira, para ter futuro como bailarino é preciso ser aplicado, disciplinado e, como se tudo isso não bastasse, ter um corpo esguio e longilíneo.
Há quem tenha se lembrado, ao ler estas linhas, do sofrimento vivenciado por Nina, protagonista de Natalie Portman no filme Cisne Negro, uma bailarina que enlouquece em seu desespero para desempenhar com perfeição tanto o Cisne Branco quanto seu duplo maligno.
Dora discorda de que a opressão sentida pela personagem faça parte do universo do balé. “Essa moça é um tratado de patologia: é anoréxica, esquizofrênica, se automutila, tem uma mãe opressora e um diretor abusado. Não seria bem-sucedida em profissão alguma”, opina.
Eleonora Greca concorda. “As dificuldades enfrentadas por um bailarino são as mesmas de qualquer profissão”, diz. Um bailarino enfrenta horas de prática, por vezes, engolindo a dor, em sua busca pela perfeição. “A dança é como um esporte de ponta. Só não ganha em nível de exigência da ginástica rítmica e artística”, analisa Dora. “As escolas de dança são muito duras, e isso é necessário, pois não vai persistir quem não tiver autodisciplina. Quantas vezes um bailarino dança machucado e precisa estar firme?”, diz Eleonora.
As academias, na opinião de Eleonora, deveriam realizar uma avaliação prévia para verificar o perfil dos possíveis alunos e fazer com que os pais sejam corresponsáveis. “Eles não podem querer ser mais que os filhos. Às vezes, a família impõe a dança, e ela se torna um fardo grande para a criança, assim como é muito comum ver pais médicos ou advogados que querem que os filhos sigam sua profissão”, analisa. Para a bailarina, também falta um olhar mais atento do professor para o aluno especial e vocacionado. 

Publicado em 02/04/2011 | Annalice Del Vecchio
Fonte: Gazeta do Povo - Caderno G

3.4.11

“O clássico é a mãe da dança”



O ensino do balé se modificou a partir do momento em que ele se tornou base para acessar outras linguagens contemporâneas. Se antes toda menina se imaginava de coque, saiote e sapatilhas de ponta, dançando como Ana Botafogo, hoje muitas preferem imitar o rebolado sexy e frenético de Shakira ou Beyoncé. Isso significa que ser bailarina clássica já não é mais um sonho feminino? Não. É a opinião unânime dos bailarinos e professores entrevistados. “A dança clássica não morreu, é um estilo e vai perdurar, assim como a música erudita. O que é bom fica”, diz Eleonora Greca, primeira bailarina do Balé Teatro Guaíra e coordenadora de dança da Fundação Cultural de Curitiba.
“O balé é uma arte viva! Está em constante evolução. Mantém-se a tradição sem deixar de olhar para o presente e, principalmente, para o futuro”,  Isso significa que o ensino da dança clássica já não é tão purista e vem se adaptando à demanda das próprias companhias por bailarinos familiarizados com vertentes contemporâneas. “O bailarino hoje tem de ser múltiplo, conhecer técnicas de improvisação teatrais, jazz, dança contemporânea e hip-hop, depende de qual Companhia ele pretende ingressar. Companhias de dança contemporânea, como o Grupo Corpo e Cia. de Dança Deborah Colker, exigem que seus membros tenham uma base clássica.   “A São Paulo Companhia de Dança é uma companhia contemporânea, mas com uma qualidade só adquirida porque tem bailarinos que dominam o balé clássico. O clássico como trabalho diário é essencial em uma companhia, dá disciplina , é a base, a mãe de tudo”, diz Jair Moraes.  A  dança clássica vem se modificando. Pensamos no corpo, no movimento, como ele surge e acontece até a finalização. A compreensão e a intenção do que está sendo executado devem fazer parte da formação. Hoje fala-se de ossos, músculos, do processo, e estimula-se a criação e expressão. ”Hoje, o bailarino clássico “abriu a cabeça” com as inúmeras referências que chegam pela internet e, por isso, as crianças estão mais precoces. “O trabalho precisa ser mais acelerado porque uma menina de 13 anos faz o que, no passado, só uma de 20 faria. Antigamente, uma bailarina só faria ponta depois dos 12 anos e, atualmente, com 10 ela já está fazendo loucuras. É preciso preparar esse corpo para não machucá-lo, fortificar suas articulações”, diz Moraes, que diz aprender muito com as inúmeras informações trazidas pelos alunos e assistindo a festivais. Tanta precocidade precisa ser direcionada, aponta Jair, para que não haja futuros problemas. “Eleonora Greca aponta três elementos que devem guiar os currículos de formação em dança, em qualquer tempo: informação, formação e observação.
Annalice Del Vecchio 
Fonte: Gazeta do Povo 

2.4.11

20 anos


No dia da mentira 1º de abril, completei 20 anos de ensino dentro de uma classe de Balé. Acredito que tudo o que repassei aos meus queridos alunos sempre foi o melhor e o máximo de meus ensinamentos e experiências vividas nessa arte tão bela, que é a dança. Fiz com certeza um ótimo trabalho com todos que fizeram parte de minhas aulas e de minhas coreografias. Foram tantas Anas, Andréias, Lucianas, Giselles, Marinas, Marianas, Alessandras, Tatianas, Tatianes, Camilas, Carolines, Carolinas, Karolines e Karolinas, agora  ... Zaiane e Rodrigo foram únicos nessa longa caminhada. Rostos, pessoas que tive o prazer de conhecer e ensinar,  fazendo de uma forma,  parte de suas histórias. Fui batizado por alguns de carrasco, militar, grosso, estúpido entre outros que não vale a pena aqui citar e por  muitos de: sério, disciplinador, competente, professor, mestre, amigo, pai. Enfim, o que sempre fiz nesses 20 anos foi levar meus pensamentos, meus devaneios dançantes, minha inspiração, minha arte a crianças, jovens e adultos. Quero nesse espaço agradecer á todos que participaram dessa minha jornada e que  tive o prazer de conhecer em minhas classes de balé e também  pedir desculpas se falhei alguma fez nos meus ensinamentos - antes de tudo sou também um ser humano. Obrigado pelo carinho e respeito.
Bem, não poderia de deixar é claro de citar os profissionais com quem tive o prazer de compartilhar nesses 20 anos as classes na  Escola de Ballet: Ana Maria Maia, Carla Eland, Maristela Lemos, Silvio Maia, Jorcy Rodrigues, Maria Antonieta, Daniela Toaldo, Ana Beatriz, Pedro Dantas, Fabine Romão, Jaime Fagundes, Candia Mavids, Egberto Saurini, Fabiola Schiebelbein, Armando Zanon, Karin Busch, Eduardo Junqueira, Ronald Soares, Ilberto Magave, Ana M. Macedo, Michelle Mogami, Alessandra Hiláriio, Elizete Demonti, Pedro Morales e Mestre Jair Moraes. Obrigado a todos !

Foto Plano de Fundo: Coreografia | "The Messiah | Silêncio" do Mestre Jair Moraes