3.4.11

“O clássico é a mãe da dança”



O ensino do balé se modificou a partir do momento em que ele se tornou base para acessar outras linguagens contemporâneas. Se antes toda menina se imaginava de coque, saiote e sapatilhas de ponta, dançando como Ana Botafogo, hoje muitas preferem imitar o rebolado sexy e frenético de Shakira ou Beyoncé. Isso significa que ser bailarina clássica já não é mais um sonho feminino? Não. É a opinião unânime dos bailarinos e professores entrevistados. “A dança clássica não morreu, é um estilo e vai perdurar, assim como a música erudita. O que é bom fica”, diz Eleonora Greca, primeira bailarina do Balé Teatro Guaíra e coordenadora de dança da Fundação Cultural de Curitiba.
“O balé é uma arte viva! Está em constante evolução. Mantém-se a tradição sem deixar de olhar para o presente e, principalmente, para o futuro”,  Isso significa que o ensino da dança clássica já não é tão purista e vem se adaptando à demanda das próprias companhias por bailarinos familiarizados com vertentes contemporâneas. “O bailarino hoje tem de ser múltiplo, conhecer técnicas de improvisação teatrais, jazz, dança contemporânea e hip-hop, depende de qual Companhia ele pretende ingressar. Companhias de dança contemporânea, como o Grupo Corpo e Cia. de Dança Deborah Colker, exigem que seus membros tenham uma base clássica.   “A São Paulo Companhia de Dança é uma companhia contemporânea, mas com uma qualidade só adquirida porque tem bailarinos que dominam o balé clássico. O clássico como trabalho diário é essencial em uma companhia, dá disciplina , é a base, a mãe de tudo”, diz Jair Moraes.  A  dança clássica vem se modificando. Pensamos no corpo, no movimento, como ele surge e acontece até a finalização. A compreensão e a intenção do que está sendo executado devem fazer parte da formação. Hoje fala-se de ossos, músculos, do processo, e estimula-se a criação e expressão. ”Hoje, o bailarino clássico “abriu a cabeça” com as inúmeras referências que chegam pela internet e, por isso, as crianças estão mais precoces. “O trabalho precisa ser mais acelerado porque uma menina de 13 anos faz o que, no passado, só uma de 20 faria. Antigamente, uma bailarina só faria ponta depois dos 12 anos e, atualmente, com 10 ela já está fazendo loucuras. É preciso preparar esse corpo para não machucá-lo, fortificar suas articulações”, diz Moraes, que diz aprender muito com as inúmeras informações trazidas pelos alunos e assistindo a festivais. Tanta precocidade precisa ser direcionada, aponta Jair, para que não haja futuros problemas. “Eleonora Greca aponta três elementos que devem guiar os currículos de formação em dança, em qualquer tempo: informação, formação e observação.
Annalice Del Vecchio 
Fonte: Gazeta do Povo 

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Foto Plano de Fundo: Coreografia | "The Messiah | Silêncio" do Mestre Jair Moraes